O diálogo entre empresa e funcionário começa a ser protagonista para o alcance das metas e de um ambiente organizacional agradável. Segundo Robert Boyer, economista francês, a flexibilidade no trabalho envolve cinco características que são: organização na produção, hierarquia de qualificações, mobilidade dos trabalhadores, formação dos salários e cobertura social.
Mudança no modelo de gestão depende da mudança cultural
A gestão empresarial está diretamente associada à cultura do país. O Brasil tem uma cultura conservadora no que diz respeito à gestão de pessoas, normalmente baseada em princípios autoritários, com o poder centralizado no fundador da empresa ou nos gestores. “Esse poder é exercido de modo direto, ou seja, por meio de um princípio que eu costumo chamar de ‘comando-controle’. O gestor manda fazer e cuida para que seja feito do modo como ele determinou, deixando pouco ou nenhum espaço para a criatividade das pessoas. Por essa razão, a mudança no modelo de gestão conservadora vai passar, também, por uma mudança cultural mais ampla, que está vindo paulatinamente em função da globalização da economia”, explica Eduardo Carmello, diretor da Entheusiasmos Consultoria.
Os estudos de Gary Hamel, especialista em gestão, por exemplo, mostram que estamos passando por uma grande mudança no modelo de gestão. “Há uma tendência para sairmos do modelo tradicional de “comando-controle”, onde a liderança manda fazer e controla o que está sendo feito, e entramos em um modelo que eu chamo de “relacional-processual”, mais flexível, onde o líder deixa de ser um comandante ou um capataz para se tornar um gestor estratégico do conhecimento”, enfatiza Carmello.
A flexibilização no trabalho pode dar certo
No Brasil, algumas empresas utilizaram a flexibilidade e atingiram sucesso. Isso ocorreu porque os projetos, tarefas e prazos eram muito bem definidas e acompanhadas on-line por gestores capacitados a orientar, monitorar e subsidiar de conhecimento as equipes. Outro fenômeno constatado foi o nível de maturidade e responsabilidade da equipe por fazer acontecer os projetos do jeito acordado. As empresas que não tiveram tanto sucesso com a flexibilidade pecaram por não planejarem bem a “nova forma de atuar” e por utilizarem a flexibilidade como uma “moda” ou porque faltava mesmo espaço para todos os trabalhadores.
O que acontece geralmente são equipes que clamam por maior autonomia e depois não sabem utilizá-la. Soma-se a isso gestores que delegam de forma excessiva, sem desenvolvimento e acompanhamento das fases do projeto que levam aos resultados. Flexibilidade no trabalho exige um alto compromisso com a produtividade, quem implantar sem considerar essas questões terá prejuízo.
Ainda segundo Eduardo Ferraz, consultor em Gestão de Pessoas, o motivo pelo qual muitas empresas ainda possuem uma visão atrasada de gestão é o fato de temerem perder o controle. A gestão quer saber se o colaborador está conivente a qualquer situação ociosa, portanto, controlar o horário de chegada e saída, cobrar diariamente a demanda e manter pressão sob o funcionário são as formas mais corriqueiras de controle.
Durante décadas trabalhar em empresas estava predisposto o horário comercial das 8h00 às 18h00, relatórios semanais de entrega de trabalho e uma hora de almoço. Os centros urbanos São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, por exemplo, não suportam mais a quantidade de pessoas que se locomovem, sem qualidade e com estresse, ao trabalho. Avaliar mudanças de flexibilidade torna-se fundamental para garantir a saúde dos resultados das empresas, pois, quando se trabalha com diretrizes focadas nas necessidades atuais, os funcionários entregam resultados factíveis ao benefício disposto.
Para Ferraz no mundo corporativo a acomodação e a falta de disciplina são prejudiciais para o futuro dos negócios. “Entrar na zona de conforto por ser bem sucedido representa uma perigosa armadilha”, conclui.
Fonte: MSN Empregos/ Autora: Samara Teixeira
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