Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DACEC/UNIJUI)
07/03/2013
O anúncio do PIB de 2012, que registrou apenas 0,9% de crescimento, nos trouxe consigo outro dado ainda mais preocupante. A taxa de investimento recuou 4% em relação a 2011, se estabelecendo em tão somente 18,1%. Ora, para alavancar um crescimento adequado para o tamanho do país, teríamos a necessidade de investir pelo menos 25% do PIB.
E esse investimento não avança porque não somos capazes de realizar uma poupança adequada. Tanto é verdade que a taxa de poupança em 2012 foi a menor nos últimos 10 anos, batendo em apenas 14,8% do PIB, quando o necessário igualmente gravita ao redor de 25% deste mesmo PIB. Por trás destes números se evidencia uma realidade já conhecida mas nunca resolvida. O Estado brasileiro, através do governo que o administra, está preferindo reduzir os investimentos ao invés de enxugar os seus custos via as reformas estruturais.
Assim, os gastos públicos continuam aumentando e a taxa de poupança diminuindo. E sem poupança, os investimentos igualmente recuam. Soma-se a isso o fato de que os recursos públicos que são destinados a investimentos se perderem num imenso cipoal burocrático que alimenta uma crescente corrupção.
Por sua vez, a iniciativa privada, escaldada pela crise, igualmente tem recuado, preferindo a especulação financeira, ainda mais rentável apesar da redução forçada (e por isso mesmo temporária) dos juros. Por fim, a população em geral, que ainda realiza alguma poupança, tem sido levada a gastar mais do que pode, aumentando seu nível de endividamento e inadimplência. Para fechar o círculo vicioso, boa parte dos brasileiros passou a acreditar que vive em um estado de riqueza fora da realidade. Tanto é verdade que, em 2012, mesmo com uma desvalorização do Real ao redor de 20%, os brasileiros gastaram no exterior US$ 22,2 bilhões, o maior valor desde 1947, quando o Banco Central iniciou os registros deste tipo de informação.
Desta forma, nos sobra os recursos externos para financiar os investimentos em infraestrutura de que tanto precisamos. Não é por nada que o governo iniciou uma gira pelo mundo tentando convencer os investidores internacionais a se voltarem para o Brasil, hoje mais receosos com a constante quebra de contratos que o atual governo vem provocando. Espera-se captar US$ 235 bilhões em alguns anos. Uma utopia diante da crise que continua a assolar o mundo e particularmente os países ricos. Em 2012, por exemplo, os investimentos externos diretos somaram US$ 65,3 bilhões, em recuo de 2% sobre 2011. E o mais grave: US$ 54,2 bilhões foram usados não para investimentos e sim para cobrir o déficit externo, o maior da história do país.
Para piorar o quadro, o próprio Banco Central acredita que em 2013 o déficit e os investimentos diretos se igualem em US$ 65 bilhões, não sobrando nada para outros fins. A gênese de nossa histórica paralisia econômica aí se encontra: enquanto os gastos públicos não forem racionalmente reduzidos, não haverá poupança interna suficiente para investimentos adequados e necessários, ficando o país a mercê do capital externo.
Esse, obviamente, pouco se interessa em vir aplicar em um país que apresenta, cada vez mais, políticas econômicas com pouca base estrutural.
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